terça-feira, 9 de agosto de 2016

PROJETOS DE HIDRELÉTRICAS NO RIO URUGUAI: PERDAS E DESAFIOS SOCIOAMBIENTAIS*



Paulo Brack[1], Eduardo Luis Ruppenthal[2], Ismael Verrastro Brack[3]

Origem autoritária do planejamento de empreendimentos de geração hidrelétrica, que segue a despeito do avanço do marco legal da sociobiodiversidade 


As grandes hidrelétricas no Brasil, e também para a bacia do rio Uruguai, são originárias de planos elaborados entre 1977 e 1979, resgatados em sua maioria no Programa de Aceleração do Crescimento de 2007 e em edições mais recentes. Fazem parte, portanto, de uma concepção de grandes obras derivadas do período militar, como as hidrelétricas de Itaipu, Tucuruí e Balbina, agregadas a uma concepção de outros megaprojetos como Transamazônica e Usinas Nucleares de Angra. Desde então, em um intervalo de três décadas e meia, o modelo hidroenergético que implica megainfraestrutura e extensas áreas de alagamentos segue imperando a despeito da perda do que resta dos territórios da sociobiodiversidade do Brasil, em especial da região Sul do País. De acordo com Bermann (2012):

Sob a influência de grandes grupos econômicos, nacionais e internacionais, e seus aliados políticos, que formam a base da “indústria das barragens” (dam industry) no Brasil, o governo federal construiu um sistema elétrico que prioriza fortemente a geração hidrelétrica, estimulando sub-setores industriais e atendendo o suprimento a determinados setores em detrimento de outros. Por este desenvolvimento histórico criou-se um emaranhado de interesses que não nos permite afirmar que possa existir uma capacidade previsível de planejamento além de um viés concentrado em hidrelétricas no lado da geração, menosprezando a eficiência energética e outras fontes, com a utilização de cenários de crescimento de demanda, sem o questionamento de seus pressupostos, (Bermann, 2012, p. 19).


Neste intervalo de tempo, a Constituição Federal do Brasil (1988) consolidou garantias para a conservação do meio ambiente e dos direitos humanos. A garantia de serem mantidos os processos ecológicos dos rios e de sua biota protegida mediante os impactos dos empreendimentos hidrelétricos está presente principalmente no seu Art. 225, que define em seu parágrafo 1o a responsabilidade do poder público em “preservar e restaurar os processos ecológicos essenciais e prover o manejo ecológico das espécies e ecossistemas” (inciso I), “preservar a diversidade e a integridade do patrimônio genético do País” (inciso II) e “proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma da lei, as práticas que coloquem em risco sua função ecológica, provoquem a extinção de espécies ou submetam os animais a crueldade” (inciso VII). Além disso, a Constituição considerou a Amazônia, a Mata Atlântica, o Pantanal e a Zona Costeira como Patrimônios Nacionais. Assim sendo, fica evidente na Carta Magna a necessidade de que qualquer atividade, e neste caso as hidrelétricas, não venha causar extinção de espécies com a transformação dos rios, em geral com corredeiras, em lagos de represas, também em biomas como a Mata Atlântica, no caso da bacia do rio Uruguai – situações graves que permanecem sendo negligenciadas.
Externamente, o Brasil assinou importantes acordos internacionais na área ambiental, destacando-se durante a Conferência Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada em 1992, a chamada “Rio 92”, por meio da Convenção da Diversidade Biológica (CDB), ratificada em 1994. Tivemos também a instituição da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA), reconhecida pela UNESCO, no início da década de 1990, com destaque ao estabelecimento de três zonas: Zona Núcleo, Zona de Amortecimento e Zona de Transição. Como demonstração dos esforços do Brasil em implementar políticas internas nesse âmbito, dez anos após a Rio 92, em 22 de agosto de 2002, foi publicado o Decreto 4.339, que instituiu os princípios e diretrizes para a implementação da Política Nacional de Biodiversidade, fundamentada em conceitos referendados nas leis existentes e em novos temas e tratados internacionais em matérias afins pelo Congresso. A Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/2006), depois de mais de 14 anos em trâmite no Congresso, foi aprovada e promulgada em 22 de dezembro de 2006, visando proteger e ampliar a extensão de 7,84% de cobertura original do segundo bioma mais ameaçado de extinção no mundo. No que se refere à territorialidade protetiva de todos os biomas brasileiros, em 2004 e em 2007, foram publicados os mapas das Áreas Prioritárias para a Biodiversidade (APBio), a última versão pela Portaria do Ministério de Meio Ambiente (MMA) n. 09, de 23 de janeiro de 2007 (figura 1). É necessário enfatizar também que nestes últimos anos têm avançado os esforços para a atualização das listas de espécies brasileiras ameaçadas de extinção da flora (Port. MMA 443/2014), fauna (Port. 444/2014) e peixes e invertebrados (Port. 445/2014), incluindo as respectivas listas estaduais.
Na bacia do rio Pelotas-Uruguai, as políticas públicas em relação à proteção da biodiversidade têm uma dimensão especial: a presença do Parque Estadual do Turvo, criado em 1947, no estado do Rio Grande do Sul, onde estão abrigados os principais remanescentes florestais mais contínuos da bacia. No aspecto humano, cabe dar destaque também à criação da Política Nacional de Desenvolvimento Sustentável dos Povos e Comunidades Tradicionais (PNPCT) por meio do Decreto n. 6.0407, de fevereiro de 2007. 


Figura 1 – Recorte do Mapa das Áreas Prioritárias para a Conservação da Biodiversidade (MMA, 2007), onde aparece o estado do Rio Grande do Sul (Fragmento do Mapa da Portaria n. 9 do MMA, de 23 de janeiro de 2007. Disponível em: http://www.biodiversidade.rs.gov.br/arquivos/1189431095MMA___2006_mapa_areas_prior.gif   Acesso em 20 de fevereiro de 2015).
Em resumo, o marco legal de proteção à sociobiodiversidade avançou, mas os projetos de hidroeletricidade seguiram basicamente os mesmos, com algumas mudanças aqui ou ali. A premissa de que os rios são passivos de construção praticamente indiscriminada de hidrelétricas, transformando os ecossistemas de cursos d’água corrente em “escadarias” de grandes lagos de reservatórios, permanece até hoje vigendo no setor elétrico. Ignora-se o desaparecimento de muitos milhares de hectares de florestas, de modos de vida e de terras produtivas, bem como desprezam-se alternativas menos impactantes de geração e uso racional de energia (eólica, solar e bioenergética).
Uma grande contradição entre a localização prevista para os projetos de hidrelétricas e a biodiversidade pode ser exemplificada na comparação dos mapas dos empreendimentos do Sistema de Informações Georreferenciadas do Setor Elétrico (SIGEL) da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) e o mapa das áreas prioritárias para a biodiversidade (APBio, Port. MMA, n.9/2007) (tabela 1). Os resultados indicam que a maior parte das hidrelétricas (UHEs) no Brasil segue sendo construída (62,5%) e planejada (62,1%) nas áreas prioritárias, sendo que 50% dos empreendimentos em construção estão localizados justamente na categoria de “Extrema Importância”, denotando descompasso e contradição entre as políticas públicas. 
Tabela 1 – Número e percentual de empreendimentos hidrelétricos (UHE, acima de 30 MW, ou PCH até 30 MW) no Brasil em construção ou planejados, atingindo as Áreas Prioritárias para Conservação, Uso Sustentável e Repartição de Benefícios da Biodiversidade Brasileira (APBio) (Port. MMA, n. 9 de 23 de janeiro de 2007), conforme cruzamento de dados disponíveis e obtidos em janeiro de 2015 no Sistema de Informações Georreferenciadas do Setor Elétrico / Agência Nacional de Energia Elétrica – SIGEL/ANEEL[1] e os dados do MMA[2].
Hidrelétricas
                           /Categorias


Extrema
(%)
Muito Alta (%)
Alta
(%)
Fora
(%)
Total APBio
(%)
UHEs em construção (8)
50,00
12,50
0,00
37,50
62,50
UHEs planejadas (261)
26,05
27,97
8,05
37,93
62,07
PCHs em construção (30)
16,67
23,33
3,33
56,67
43,33
PCHs planejadas (1720)
25,17
16,34
3,90
54,59
45,41



No Brasil, segundo o Movimento dos Atingidos pelas Barragens (MAB), as grandes hidrelétricas teriam causado o deslocamento de cerca de 1 milhão de pessoas de suas terras, inundando mais de 34 mil km2 de terras férteis, florestas e regiões ribeirinhas, destruindo paisagens únicas, culturas e biodiversidade (Paim; Ortiz, 2006). Na visão hegemônica do Ministério de Minas e Energia, do setor elétrico, do governo federal e também de governos estaduais e municipais, os rios continuam sendo avaliados fundamentalmente pelo seu mero potencial de maior geração de energia elétrica e a promessa genérica de que trarão royalties e desenvolvimento. Aproveita-se a cota de desnível mais alta possível e, por conseguinte, uma produção energética máxima, independentemente da magnitude dos impactos socioambientais negativos. A maior parte dos governos e parlamentares realmente vislumbra ganhos imediatos derivados da construção de empreendimentos hidrelétricos e, depois, derivados dos royalties, negligenciando as perdas das áreas de plantio e a consequente arrecadação de recursos derivados da produção agrícola em toda a sua cadeia, que em grande parte supera as propaladas receitas econômicas dos empreendimentos (Ruppenthal, 2013). Fica assim resguardado o potencial econômico de um setor em geral formado por empresas privadas, concessionárias de geração e que, não raro, financiam campanhas eleitorais[1],[2].
Os grandes empreendimentos hidrelétricos construídos no rio Uruguai e o caso da UHE Barra Grande
Pelo menos seis grandes barramentos de hidrelétricas nos eixos principais da bacia do rio Uruguai (Foz do Chapecó, Itá, Machadinho, Barra Grande, Campos Novos e Garibaldi) (figura 2) e outros dois em seus tributários (Passo Fundo e Monjolinho) causaram o alagamento de uma área de mais de 60 mil hectares de terras. Estima-se que menos de ¼ era formado por remanescentes florestais de uma zona bem particular de contato entre a Floresta com Araucária e a Floresta Decidual do alto Uruguai, sem contar outros tantos milhares de hectares de campos nativos e de áreas agricultáveis de alta fertilidade. O impacto social foi representado pela expulsão de dezenas de milhares de pessoas de suas terras (Paim; Ortiz, 2006; Hüffner; Engel, 2011).


 Figura 2 – Principais empreendimentos hidrelétricos (UHEs) na bacia do rio Uruguai
Fonte: Hüffner e Engel (2011). 

Entre os casos de maior impacto, também associado a irregularidades, esteve o da UHE de Barra Grande (Prochnow, 2005), em que desapareceram seis mil hectares da Floresta com Araucária associada à Floresta Estacional Decidual, em formações predominantemente primárias ou em estágios avançado e médio de regeneração. A licença prévia de Barra Grande foi emitida com base em um estudo de impacto ambiental considerado, posteriormente à emissão de licença prévia, profundamente irregular pela Justiça, MMA e o próprio Ibama. Apesar disso, foi emitida a licença de operação em 5 de julho de 2005, evitando-se maior demora e risco de interrupção do processo de licenciamento, dadas as ações que se somavam na Justiça contra a obra por parte de ONGs. Nessa visão hegemônica de celeridade, nem ao menos foi dado tempo para o corte raso de quase a metade da floresta na área de alagamento, tendo-se como consequência, entre outras, a morte de milhões de árvores submersas quando do fechamento das comportas.

No licenciamento ambiental da UHE Barra Grande, que obteve licença prévia em 1999, surgiu um dos primeiros casos documentados no Brasil de um possível desaparecimento na natureza de uma espécie silvestre, a bromélia-do-rio (Dyckia distachya), que foi ignorada no EIA_RIMA, apesar de já fazer parte da Lista da Flora Ameaçada do Brasil, na época. Essa espécie foi descoberta em novembro de 2004, por nós e um grupo de colegas pesquisadores do Departamento de Botânica do Instituto de Biociências da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, e era exclusiva da vegetação formada por reófitas (plantas de rios caudalosos). A situação teve repercussão nacional, levantando-se questões éticas e jurídicas; no caso do Art. 225 da Constituição Federal, o fato de se impedir uma decisão que tivesse como resultado colocar uma espécie na condição de extinção. A “solução” encontrada, portanto, foi transplantar a bromélia para outro ambiente, situação questionável, pois o ambiente criado era em grande parte artificial.
No final de 2004, o então diretor de Licenciamento do Ibama, Nilvo Silva, dava conta (comunicação pessoal) de que seriam incorporadas mudanças para superar as irregularidades apontadas, por meio de avaliações ambientais de bacias por parte do MMA. Ainda em setembro de 2004, diante da fraude do Estudo de Impacto Ambiental (EIA-RIMA) realizada pela empresa Engevix no empreendimento de Barra Grande, foi firmado um Termo de Compromisso (TC) da hidrelétrica de Barra Grande[1], entre o governo federal, envolvendo vários ministérios, empresas do Consórcio Barra Grande (BAESA) e o Ministério Público Federal. A empresa Engevix, inclusive, foi multada pelo Ibama em 10 milhões de reais por esse motivo, entretanto nunca pagou tal multa. Entre as consequências positivas do TC, estavam a necessidade de realização de uma Avaliação Ambiental Integrada (AAI) da bacia do rio Uruguai, a aquisição de uma área de 5.740 hectares para compensar parte do que se perdeu de florestas, a constituição de um Corredor Ecológico rio Pelotas-Aparados da Serra e a incorporação de programas para conservação de 13 espécies consideradas ameaçadas de extinção. Até hoje, a maioria desses itens não foi atendida. Tampouco houve modificações significativas para o aperfeiçoamento do processo de licenciamento, como havia sido anunciado pelos dirigentes do Ibama. Nilvo Silva foi forçado a sair do instituto em 2005. E o que se viu, na sequência dos acontecimentos, foi muito mais a recorrente pressão e a ingerência do MME e da Casa Civil do governo federal sobre o MMA a fim de que muitos itens do TC fossem “congelados” para não afetar futuros projetos propostos para a bacia. Essa situação é ainda hoje cobrada dos órgãos competentes por parte do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (INGÁ) e de outras ONGs do RS.

A Hidrelétrica de Pai Querê
Logo após o caso concretizado da construção da UHE Barra Grande, na esteira da desconsideração ética e legal na condução desse tipo de empreendimento, com base em um estudo de impacto ambiental profundamente incompleto e tendencioso, realizado pela mesma empresa Engevix, surgiu outra ameaça sobre o rio Pelotas-Uruguai (entre Bom Jesus, RS, e Lages, SC), representada pela UHE Pai Querê (290 MW), incluída em 2007 no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) do governo federal.
Tal empreendimento afetaria os vales profundos e encachoeirados do rio Pelotas, provocando a destruição de mais de 100 km da malha de rios, em geral com corredeiras, que seriam também transformados em águas paradas do futuro lago da barragem. Se aprovado, tal empreendimento representaria grande possibilidade de extinção de dezenas de espécies de peixes e outros organismos de águas correntes, além do desaparecimento de quatro mil hectares de florestas com araucária, numa região de elevados endemismos de flora e fauna. Seu projeto original é de 1977. A futura represa de Pai Querê, com um muro de 150 metros de altura, e com uma superfície de lago da barragem de 6.120 hectares, previa a produção equivalente ao parque eólico de Osório (RS). O impacto social seria menor do que o de outras grandes hidrelétricas (entre 200 e 300 famílias seriam desalojadas), entretanto, por exemplo, calculava-se o corte de mais de 180 mil araucárias, ecossistema altamente ameaçado, bem como a perda de 1.120 hectares de campos naturais, cujos ambientes, em conjunto, abrigam mais de 600 espécies vegetais e milhares de espécies animais. Dezenas de espécies ameaçadas de mamíferos do Brasil ocorrem nessa área. As áreas de matas são as últimas onde ocorre o queixada (Tayassu pecari), espécie criticamente ameaçada no Rio Grande do Sul, além do puma, cada vez mais raro nesse estado e em Santa Catarina. O endemismo de peixes é único na região, sendo que pelo menos dez espécies ocorrem exclusivamente nessas condições de corredeiras do rio Pelotas e seus tributários (Malabarba et al., 2009).
Acima do vale do rio Pelotas, no planalto, a maior parte da região dos Campos de Cima da Serra, caracterizada pelas belas paisagens de campos naturais e matas, sofre continuamente pela conversão dos campos naturais em monoculturas em grande escala, que expande a soja, o pinus, o milho, a maçã, entre outras culturas, com alta carga de agrotóxicos, em campos nativos de altitude.
Quanto ao primeiro estudo de impacto ambiental (EIA-RIMA) desse projeto, realizado pela Engevix e entregue ao Ibama em 2001, o seu estudo de viabilidade ambiental afirmava que as alterações de ecossistemas fluviais para um ecossistema de lago seriam de “pequena magnitude”. Posteriormente, quando da realização de eventos denominados Fóruns Sobre Impacto das Hidrelétricas[2], por iniciativa do Instituto Gaúcho de Estudos Ambientais (InGá) e Núcleo Amigos da Terra Brasil (NAT-Brasil), entre outras ONGs, foi possível uma aproximação dos ambientalistas e especialistas em ecologia com os técnicos do MMA e do Ibama, presentes nos eventos, bem como com representantes de instituições de pesquisa do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina. Como resultado, houve o entendimento dos órgãos ambientais de que o EIA-RIMA deveria ser refeito. As empresas de consultoria ambiental que prestavam serviços ao Consórcio Empresarial Pai Querê (CEPAQ) acabaram refazendo os estudos e encaminhando uma nova versão ao Ibama em 2010. Os técnicos do Ibama, que avaliam esses grandes empreendimentos nos escritórios do órgão em Brasília, encontraram um conjunto de itens incompletos, gerando exigência de complementações. As audiências públicas foram realizadas inclusive em Porto Alegre, em março e abril de 2012.  
Em setembro de 2013, a Hidrelétrica de Pai Querê recebeu parecer da equipe técnica do Ibama[3] pelo seu indeferimento, sendo tal decisão ratificada pela presidência do órgão. Para tal decisão, entre outros argumentos apresentados, estavam a perda anterior de florestas representada pela UHE Barra Grande, a localização da represa na Área Núcleo da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (UNESCO), que também fazia parte do Mapa das APCBio (MMA 2007), onde a área do vale do rio Pelotas é considerada como de “Extrema Importância Ambiental”. Houve, ademais, recomendações para reavaliação de todos os empreendimentos na porção montante da bacia do rio Pelotas.

O Complexo Hidrelétrico Garabi-Panambi e demais empreendimentos previstos para o rio Uruguai
Atualmente, uma das maiores ameaças ao rio Uruguai é representada pelo Complexo Hidrelétrico Binacional Garabi-Panambi, no trecho internacional entre o RS, no Brasil, e as províncias argentinas de Missiones e Corrientes. São duas hidrelétricas que, conjuntamente, teriam a capacidade máxima de gerar 2.200 MW. A maior delas, a UHE Garabi, ficaria no município de Garruchos (RS) (cota altitudinal de 89 m) e prevê capacidade máxima de geração de 1.152 MW. A outra, a UHE Panambi (cota altitudinal de 130 m), com localização prevista para o município de Alecrim, teria geração máxima de 1.048 MW. O complexo, que faz parte de uma segunda etapa do PAC, está sendo encaminhado pelas empresas Eletrobras (Brasil) e Ebisa (Argentina), por empresas privadas prestadoras de serviço e por empreiteiras, entre elas a Engevix – o processo de licenciamento é realizado, em nosso país, pelo Ibama. As áreas de alagamento seriam de 327,63 km2 para Panambi e 641,97 km2 para Garabi, totalizando os dois reservatórios uma área de 969,60 km2, ou 96.960 hectares. Essa extensão de inundação seria equivalente ao dobro da área de reservatório prevista para alagamento da polêmica usina Belo Monte, no Pará, corresponderia também ao dobro da área do município de Porto Alegre. Estudos preliminares da Eletrobras dão conta de que essas UHEs causariam potencialmente o desalojamento de mais de 12 mil pessoas em ambos os territórios (Brasil, Argentina). Entretanto, calcula-se que esse valor foi subestimado pela Eletrobras – o número de pessoas potencialmente deslocadas ou afetadas diretamente deve ser bem maior. No Brasil, as principais cidades atingidas seriam Garruchos, São Nicolau, Porto Xavier, Alecrim, Porto Mauá, em uma região caracterizada por pequenos produtores rurais. No que toca à arrecadação dos municípios, haveria perda progressiva pela diminuição de áreas de produção agrícola. Situação semelhante de prejuízos socioambientais e econômicos é prevista para o projeto de Itapiranga (724 MW), no trecho brasileiro que resta do rio Uruguai ainda não afetado diretamente por barragens. 
Segundo Ruppenthal (2014), no que se refere à violação de direitos humanos, “a história se repete com Garabi e Panambi”, como em outros tantos empreendimentos, principalmente na Amazônia. Segundo o autor, não são cumpridas as próprias recomendações dos relatórios oficiais nacionais e internacionais e, ainda, são recauchutados os projetos dos anos 1970, gerando uma situação de violência contra os atingidos.
De acordo com comunicação pessoal do professor Rafael Cruz (UNIPAMPA), seriam afetadas mais de três mil famílias de pescadores em seu trabalho de pesca tradicional no rio Uruguai com esses empreendimentos. Segundo Cruz (2009), nesse trecho internacional do rio Uruguai, a maioria dos pescadores também é lavrador (73%). O autor afirma que “os estudos relacionados demonstram a dependência de renda destes pescadores em relação aos estoques dos peixes de piracema, como o dourado, a piava e o surubim”. No tocante ao tema peixes, segundo os dados do Estudo de Inventário Hidrelétrico realizado pela Ebisa (2010, p. 184), “o rio Uruguai representa uma área de endemismo para 29 espécies de peixes dentro da Bacia do Prata, pelo qual requer políticas de conservação e manejo”.
Um dos maiores riscos da UHE Panambi é o de afetar o Parque Estadual do Turvo (17.491 hectares), com a perda oficial de 60 hectares, incluindo o possível comprometimento de parte do Salto do Yucumã. De qualquer maneira, seriam destruídos muitos quilômetros da vegetação da margem do rio (mata ripária, com composição própria e com plantas exclusivas de beira de rios), já que o parque possui mais de 40 km de seu limite norte com as margens do rio Uruguai. Aí estão localizados os mais contínuos remanescentes da Floresta Estacional Decidual do Alto Uruguai. No total, incluindo áreas florestais importantes fora do parque, mas que se constituem em corredores ecológicos, seria possível que desaparecessem com esses empreendimentos mais de 10 mil hectares de florestas em ambos os países. A área do parque e esses corredores correspondem à Zona Núcleo da RBMA.
Com os grandes projetos de hidrelétricas previstas (figura 2), o rio Pelotas-Uruguai tornar-se-ia um colar de onze ou mais lagos artificiais, desde o oeste do RS, em São Borja (34 metros acima do mar), até o nordeste, em São José dos Ausentes (900 metros acima do mar). Essa situação agravaria a qualidade da água do rio, a montante, onde são comuns a explosão populacional de cianobactérias e os altos níveis de DBO (demanda bioquímica de oxigênio) – em águas poluídas com dejetos de suínos, com barramentos e sem a aeração natural das corredeiras, o quadro de alto comprometimento da qualidade do recurso hídrico é muitas vezes dramático.[4]


Figura 3. Hidrelétricas da bacia do rio Uruguai, segundo a ANEEL

Temas centrais negligenciados nos impactos socioambientais das hidrelétricas no Brasil
Inicialmente, é importante que tenhamos em conta que o cenário de perda de territórios da biodiversidade é diferente da situação de algumas décadas atrás, pois a cada ano que passa resta menos o que ser conservado. Fora dos vales dos rios – hoje ameaçados pelos barramentos das hidrelétricas – praticamente não sobram remanescentes significativos de ecossistemas naturais, como as florestas e campos nativos. Em certa parte, as terras dos vales da bacia do rio Uruguai foram abandonadas e as poucas famílias que aí sobrevivem não desenvolveram a pesada mecanização do solo, mantendo uma agricultura de subsistência altamente resiliente (Ruppenthal, 2013), aliada à pesca. Como resultado, os impactos ambientais dessas áreas são bem mais baixos se comparados com aqueles às outras ocupadas pela agricultura empresarial nos terrenos mais planos, acima dos vales, no caso dos planaltos, onde impera a cultura da soja, por exemplo. Em decorrência disso, os vales dos rios têm esse grande significado, tanto para as populações tradicionais como para a flora e fauna, em situação de crescente vulnerabilidade, principalmente no estado do Rio Grande do Sul, onde a Mata Atlântica possui somente 7,5% de remanescentes desse bioma em relação à cobertura vegetal original.[5]
As bacias dos principais rios brasileiros são pouco conhecidas do ponto de vista de sua biodiversidade. Praticamente muito pouco ou quase nada se conhece sobre a ecologia de milhares de espécies que vivem nos rios brasileiros. Cabe destacar que em estados da bacia do Paraná, onde as hidrelétricas transformaram a maior parte dos rios, algumas espécies de peixes, como a piracanjuba (Brycon orbignyanus), outrora um dos peixes mais importantes na pesca profissional e amadora, estão hoje extintas em quase toda a extensão. Segundo Rosa e Lima (2008), esse é o destino comum também à maioria dos peixes de grande porte da bacia do Paraná, como o dourado (Salminus brasiliensis), o jaú (Zungaro jahu) e o pintado (Pseudoplatystoma corruscans).
A transformação de ecossistemas de rios em ambientes praticamente com águas paradas desestrutura os sistemas ecológicos de águas correntes, além de liberar gases de efeito estufa, principalmente o metano e o gás carbônico (Pueyo; Fearnside, 2011). A alteração da biota de rios em favor dos reservatórios de hidrelétricas favorece a ocorrência de organismos exóticos e invasores, como o mexilhão-dourado, fato já constatado na hidrelétrica de Itaipu, trazendo prejuízos também à produção de energia, devido ao crescimento excessivo desse molusco nas turbinas da usina (Simeão; Martinez; Formagio, 2006).
Atualmente, a elaboração dos projetos segue não contemplando a base técnica de estudos sérios de viabilidade ambiental, calcada em Avaliações Ambientais Estratégicas (AAE) ou Integradas (AAI), sempre sob os auspícios dos órgãos ambientais. Como consequência, o licenciamento ambiental se tornou, na maioria das vezes, um processo cartorial que trata de avaliar de forma isolada (caso a caso) os impactos dos empreendimentos, trazendo a simples possibilidade de mitigação e compensação ambiental para fazer frente aos impactos gerados. Essa lógica sem integração acaba consolidando, deliberadamente, uma maneira mais célere de atender os ditames de projetos governamentais e os interesses de setores ou empresas que apelam, junto com pareceres da Advocacia Geral da União, para o último argumento alegado, de que “a produção de energia é uma questão de ordem pública e econômica e de segurança nacional”, como se a biodiversidade e o direito dos povos indígenas e ribeirinhos fossem valores secundários – isso não é o que consta na Constituição Federal.
Os grandes empreendimentos hidrelétricos, além de estarem vinculados a programas estratégicos nacionais como o PAC, fazem parte de uma geopolítica internacional baseada em portfólios de grandes obras de infraestrutura na América do Sul (IIRSA – Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana), contando com o apoio e participação do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), incluindo recursos facilitados do Banco de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES).

Desafios para superarmos o paradigma insustentável e o modelo baseado em hidrelétricas
No tocante ao aspecto humano, verifica-se o descumprimento dos direitos dos povos indígenas, ribeirinhos e comunidades tradicionais potencialmente atingidos, assegurados inclusive pelos acordos internacionais, em especial pela Convenção n. 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que exige consulta prévia a comunidades enquadradas nessas condições quanto à decisão de realizar ou não empreendimentos hidrelétricos e outros projetos que venham a afetar seus territórios.
Para se avaliar mais amplamente a sustentabilidade socioambiental e econômica dos empreendimentos hidrelétricos, deve-se considerar, além da necessidade de energia elétrica, qual a real capacidade de suporte de um rio, de uma determinada bacia ou ecorregião para receber um número “x” de empreendimentos, sem comprometer irreversivelmente a biota. No que toca às Avaliações Ambientais Integradas, citadas anteriormente, destaca-se aqui os importantes estudos e as diretrizes decorrentes da AAI do rio Taquari-Antas, no Rio Grande do Sul, promovidos, em 2001, pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luis Roessler (FEPAM), da Secretaria de Meio Ambiente do estado. As conclusões do estudo, que tomou por base 55 empreendimentos projetados, resultaram em 18 hidrelétricas (cerca de 1/3) consideradas inviáveis ou não recomendáveis pela FEPAM-RS, enquanto as demais dependeriam de condicionantes ligados a estudos de impacto ambiental (EIA-RIMA) ou não necessitariam de EIA-RIMA, no caso de baixa dimensão e impacto. Esses estudos dão maior clareza para os governos e os empreendedores, devendo ser atualizados, incorporando-se a integração aos critérios da Zona Núcleo da RBMA e da APCBio (MMA, 2007).
Cabe destacar outras tantas alternativas, como a energia eólica, com potencial de gerar 300 mil GW no Brasil[6], com torres acima de 100 m de altura, o que representaria duas ou três vezes mais do que a energia gasta em todo o País; e a energia solar fotovoltaica, que na Alemanha já alcança valores tão elevados quanto a geração média da usina de Itaipu. Há, ainda, que juntar descentralização da produção energética, eliminando as longas linhas de transmissão no Brasil, em função do que se perdem 17% de energia, com maior eficiência energética e repotenciação das hidrelétricas existentes. No caso da repotenciação, destacada pelo professor Célio Bermann (WWF, 2004), com base em estimativas de hidrelétricas com mais de 30 MW e com mais de 20 anos de existência, poder-se-ia incorporar no sistema elétrico brasileiro, só neste caso, mais de 8 MW, ou seja, mais do que o dobro do total gerado pelas hidrelétricas do rio Uruguai.
Como se vê, é fundamental buscar alternativas de geração realmente mais sustentáveis, defendendo assim o que resta da sociobiodiversidade de nossos rios, as paisagens, as culturas das populações que habitam a região do alto Uruguai e outras regiões brasileiras. Cabe destacar que o patrimônio natural de nossos rios não pertence só à geração atual, é também uma herança para as novas gerações e para o processo evolutivo biológico de cada espécie silvestre e dos seus ecossistemas, que possuem garantia constitucional de seguirem existindo.
Por outro lado, se for adotada como incontestável a demanda de expansão anual e infinita de 4%, prevista pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE, 2014), induzida por um modelo insustentável, e se levarmos em conta a “necessidade” de concretizar todos os projetos previstos de geração hidrelétrica, gestados na década de 1970, o rio Uruguai e seus ecossistemas associados estarão condenados à morte.
Assim sendo, a academia e os diversos setores da sociedade devem seguir lutando para que os governos e a Justiça cumpram a lei e superem a velha cegueira imediatista baseada no produtivismo energívoro, que tem como consequência os megaempreendimentos de inviabilidade socioambiental. A sociobiodiversidade, dentro de uma concepção de um desenvolvimento includente, com vocações locais, é um desses desafios centrais para a sustentabilidade ambiental. As gerações futuras agradecerão se mantivermos áreas livres de barramentos em nossos rios e respeitarmos o direito dos povos potencialmente atingidos por hidrelétricas. Mas, para tudo isso, é fundamental também que se construa democraticamente um modelo energético soberano, diverso, não privatizado e sob controle da sociedade.

Referências
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BRACK, P.; AYDOS, B. B.; REIS, C. R. M.; BRACK, I. V.; PORCHER, L. C. F.; COSTA, M. C.; GODOY, M.; AUMOND, M.; BARRADAS, P. As hidrelétricas do rio Uruguai e o confronto à Legislação que protege a sociobiodiversidade brasileira – Resumo 79. In: CONGRESSO DE ECOLOGIA DO BRASIL, 2011. Disponível em: http://www.seb-ecologia.org.br/xceb/palestrantes/79.pdf . Acesso em: 30 jan. 2015.
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EMPRESA DE PESQUISA ENERGÉTICA (EPE) do Ministério de Minas e Energia (MME). Plano Decenal de Expansão de Energia 2023. Brasília: MME/EPE, 2014. Disponível em: http://www.epe.gov.br/Estudos/Documents/PDE2023.pdf . Acesso em: 26 fev. 2015.
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---------------------------------------------------
* = BRACK, P. RUPPENTHAL, E.L. BRACK, I. V. Projetos de hidrelétricas no rio Uruguai: perdas e desafios socioambientais. In Márcia Luíza Pit Dal Magro, Arlene Renk & Gilza Maria de Souza Franco (Orgs.) IMPACTOS SOCIOAMBIENTAIS DA IMPLANTAÇÃO DA HIDRELÉTRICA FOZ DO CHAPECÓ. Chapecó (SC): Argos. Pg.17-42, 2015
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Anexo 1 - Quadro de empreendimentos previstos para a bacia do rio Uruguai – segundo dados da ANEEL, em dezembro de 2014 (são 278 planejados)
Sub_bacia
ESTAGIO
Estagio
Numero
Tipo
RIO CANOAS
Operação
Construída
3
UHE
RIO CANOAS
Outorgado
Planejada
1
UHE
RIO PELOTAS
Operação
Construída
1
UHE
RIO PELOTAS
Outorgado
Planejada
1
UHE
RIO PELOTAS
PB com Aceite
Planejada
1
UHE
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
Operação
Construída
5
UHE
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
PB com Aceite
Planejada
3
UHE
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
VB com Registro
Planejada
3
UHE
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
Eixo Disponível
Planejada
1
UHE
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
VB com Aceite
Planejada
1
UHE
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
VB com Registro
Planejada
1
UHE
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
Operação
Construída
1
UHE
RIOS URUGUAI,IJUI E OUTROS
Eixo Disponível
Planejada
6
UHE
RIOS URUGUAI,IJUI E OUTROS
Operação
Construída
2
UHE
RIO CANOAS
Eixo Disponível
Planejada
8
PCH
RIO CANOAS
Operação
Construída
4
PCH
RIO CANOAS
Outorgado
Planejada
1
PCH
RIO CANOAS
PB Aprovado
Planejada
2
PCH
RIO CANOAS
PB com Aceite
Planejada
8
PCH
RIO CANOAS
PB com Registro
Planejada
3
PCH
RIO CANOAS
Revogado
Revogado
2
PCH
RIO PELOTAS
Eixo Disponível
Planejada
28
PCH
RIO PELOTAS
Operação
Construída
4
PCH
RIO PELOTAS
PB Aprovado
Planejada
8
PCH
RIO PELOTAS
PB com Aceite
Planejada
28
PCH
RIO PELOTAS
PB com Registro
Planejada
5
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
Construção
Construída
1
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
Eixo Disponível
Planejada
18
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
Não Informado
Planejada
1
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
Operação
Construída
23
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
Outorgado
Planejada
3
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
PB Aprovado
Planejada
4
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
PB com Aceite
Planejada
24
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
PB com Registro
Planejada
4
PCH
RIOS URUGUAI,CHAPECO E OUTROS
Suspenso
Planejada
1
PCH
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
Construção
Construída
1
PCH
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
Eixo Disponível
Planejada
21
PCH
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
Operação
Construída
15
PCH
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
Outorgado
Planejada
2
PCH
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
PB Aprovado
Planejada
3
PCH
RIOS URUGUAI,DA VARZEA E ....
PB com Aceite
Planejada
13
PCH
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
Construção
Construída
1
PCH
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
Eixo Disponível
Planejada
14
PCH
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
Operação
Construída
5
PCH
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
Outorgado
Planejada
4
PCH
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
PB Aprovado
Planejada
3
PCH
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
PB com Aceite
Planejada
7
PCH
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
PB com Registro
Planejada
2
PCH
RIOS URUGUAI,DO PEIXE E OUTROS
Suspenso
Planejada
2
PCH
RIOS URUGUAI,IBICUI E OUTROS
Eixo Disponível
Planejada
7
PCH
RIOS URUGUAI,IBICUI E OUTROS
Operação
Construída
1
PCH
RIOS URUGUAI,IBICUI E OUTROS
PB Aprovado
Planejada
4
PCH
RIOS URUGUAI,IBICUI E OUTROS
PB com Aceite
Planejada
4
PCH
RIOS URUGUAI,IJUI E OUTROS
Eixo Disponível
Planejada
16
PCH
RIOS URUGUAI,IJUI E OUTROS
Operação
Construída
4
PCH
RIOS URUGUAI,IJUI E OUTROS
PB com Aceite
Planejada
9
PCH
RIOS URUGUAI,IJUI E OUTROS
PB com Registro
Planejada
1
PCH
RIOS URUGUAI,IJUI E OUTROS
Suspenso
Planejada
2
PCH
351

Tipo de empreendimentos
Construída
Planejada
Revogado
Total Geral
PCH
59
260
2
321
UHE
12
18
30
Total Geral
71
278
2
351
*Informações retiradas do banco de dados do SIGEL válidas para final de 2014

 



[1] Disponível em: https://riouruguaivivo.files.wordpress.com/2012/05/tac-barra-grande.pdf. Acesso em: 22 de fevereiro de 2015
[3] Portal do Ibama no que se refere à consulta aos licenciamentos.  Disponível em: www.ibama.gov.br/licenciamento/ . Acesso em: 22 de fevereiro de 2015
[4] Recomenda-se assistir o vídeo Barragem – UHEs no rio Uruguai, realizado pelo Coletivo Catarse em 2013, onde são demonstrados os impactos das barragens sobre a qualidade do rio (https://www.youtube.com/watch?v=FAaywznPzx4 ).
[5] Disponível em: http://www.sema.rs.gov.br/conteudo.asp?cod_menu=341 . Acesso em: 22 de fevereiro de 2015.
[6] Apresentação de Maurício Tolmasquim, presidente da EPE: “Perspectivas energéticas para o Brasil”, no XIV Congresso Brasileiro de Energia, 2012. Disponível em: http://pt.slideshare.net/CBE2012/xiv-cbe-mauricio-tolmasquim-23-out-2012 . Acesso em: 15 de fevereiro de 2015.
 



[1] Disponível em: http://sigel.aneel.gov.br/sigel.html . Acesso em: 20 de fevereiro de 2015
 
 




[1] Biólogo, doutor em Ecologia (UFSCar), professor do Departamento de Botânica da UFRGS (paulo.brack@ufrgs.br).
[2] Biólogo, mestre em Desenvolvimento Rural (UFRGS), professor da rede estadual de ensino (ruppenthalbio@yahoo.com.br)
[3] Biólogo, mestrando em Ecologia (UFRGS) (ismaelbrack@hotmail.com)

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